
Todos nós, profissionais, artistas, empresários, professores, servidores públicos, empreendedores individuais e, pense em qualquer outra categoria, pensou? Pois é, todos passamos por dificuldades. Essas dificuldades, em maior ou menor grau, se apresentam através de situações que podemos modificar, como a nossa capacitação para aproveitar uma oportunidade, ou, como forças incontroláveis, ou seja, que existem independentemente da nossa vontade, mas que podemos administrar e planejar a mudança.
A maior dificuldade que eu enfrento, como empreendedora e publicitária, acredite, não é a crise crônica do país,nem o momento político do Brasil, muito menos o momento econômico de Minas Gerais, nem o preço da gasolina ou do etanol, ou a vocação do município onde eu moro, a minha maior dificuldade é desiludir o meu cliente.
Tem um pensamento interessante que diz que é mais difícil convencer alguém de que ele está sendo enganado do que efetivamente enganar esse alguém, isso é fato. Eu sinceramente não entendo porque as pessoas acreditam em promessas milagrosas. Por mais que elas digam que procuram por profissionais analíticos e metódicos, são aqueles que apelam para a vaidade do humano imperfeito que há em todo empresário que consegue arrancar seu precioso dinheiro. E a publicidade é uma isca de ouro para fisgar os afoitos.
O desespero, também, é prato cheio para os oportunistas. Quando eu tinha agência, uma das razões que me fizeram criar um novo modelo para oferecer o meu trabalho, foi a dor em perceber que meu negócio crescia com a crise. É mais ou menos você ganhar dinheiro com a miséria alheia. O dinheiro não frutifica. Ele aparece e você gasta, nenhum ciclo virtuoso se inicia. É aquela sensação de comer e continuar com fome.
Era só a economia sofrer uma retração que apareciam os desavisados, em busca de uma fórmula mágica para vender, ou seja, uma promoção ilusória, uma Black Friday onde tudo é generosamente oferecido pela metade do dobro do preço. E o pior, é que a maioria acredita que é assim que as coisas funcionam. Que o Steve Jobs ficou rico assim, que o guru que vende cursos na internet ensinou assim, que o concorrente dele está “nadando” no dinheiro fazendo assim, e por aí vai.
Comunicação publicitária vende, sim. Porém, uma linha de comunicação é uma fórmula exclusiva que só tem efeito para quem acredita em si mesmo. Acredita? E, acreditar em si mesmo é uma das coisas mais difíceis nos dias atuais. Estamos nos comparando o tempo todo. Existem os publicitários obsessores de clientes, não apenas, empresas obsessoras de mercado, sabia? O modelo de agência está com os dias contados, basicamente, porque obsessor e obsidiado não se elevaram. Mantiveram-se na relação destrutiva de se retroalimentar, mutuamente, de suas próprias fraquezas.
Quem migrou da propaganda para o branding, como eu, entende que a marca carrega valores essenciais para a construção de uma relação forte com o seu mercado. Porém, estamos falando de plantio e colheita, e não, de extrativismo. Não é arrancar o dinheiro do consumidor porque você precisa vender, é oferecer, em troca da sua fidelidade, o cuidado e a presença acolhedora de uma relação. É preciso planejar o plantio, a época certa, analisar o solo, selecionar as sementes para garantir uma colheita satisfatória. Isso leva tempo.
Eu entendo que toda linguagem é estratégica, dessa forma, não acredite mais em expressões como “explorar mercado”, “público alvo”, “marketing de guerrilha” que funcionavam para empresas predadoras, que ainda vivem de empurrar produtos, e não, de atrair compradores (existe uma diferença gritante aí). É hora de ver o consumidor como parceiro, o concorrente como mentor e produto…bem, o produto não pode mais ser visto como PRODUTO, sinônimo de PREÇO, mas como PROPOSTA, sinônimo de VALOR (outra diferença gigante reside aí).
Se vender expectativas irreais virou negócio é porque ainda existem empreendedores com necessidades ilusórias, aquelas que não pagam contas, que não retém talentos, que não atraem pessoas. E por falar em pessoas, sim, estamos lidando com pessoas. Portanto, é hora de entender que você não está protegido na sua fortaleza empresarial, imune as mazelas causadas pela sua própria negligência. Você é responsável, sim, pela saúde mercadológica da sua empresa, e, se continuar tomando decisões baseado na vaidade, no empirismo, no modelo pronto, na opinião alheia, ou, simplesmente, não tomar decisão alguma, a sua marca não tem chances de sobreviver no século XXI.